Giardia lamblia (G. lamblia) e o Cryptosporidium parvum (C. parvum) são dois protozoários que infectam o tracto gastrointestinal de animais e humanos, podendo estar na origem de diversos distúrbios intestinais.
Devido à sua natureza robusta, os oocistos/cistos (formas de resistência destes organismos), são muito resistentes aos métodos convencionais de desinfecção por cloragem e são capazes de ultrapassar sistemas de tratamento físicos. Devido à sua baixa dose infecciosa, à sua fácil transmissão, e ao facto de persistirem com facilidade no ambiente e em sistemas de tratamento de água (ETA's), a sua permanência nos circuitos representa um risco para a saúde humana. Torna-se, portanto, imprescindível a sua erradicação destes sistemas, assim como minimizar ao máximo a sua transmissão ao ambiente onde estes organismos encontram veículos para a sua multiplicação e disseminação.
A origem de diversos surtos provocados pela acção destes organismos estão associados a águas superficiais antes de qualquer tratamento (águas brutas), após tratamentos, a sistemas de distribuição contaminados, e a águas recreativas como é o caso de piscinas.
A sobrevivência de G. lamblia e C. parvum em águas salinas representa também um risco, na medida que o aparecimento de distúrbios intestinais no ser humano pode estar associado ao consumo de moluscos bivalves cujo habitat é este tipo de águas.
Os sistemas de tratamento de água mais convencionais como a floculação, sedimentação, filtração e tratamentos por agentes químicos não são totalmente eficazes na remoção destes parasitas dos sistemas de abastecimento. Assim sendo, deveriam ser equacionado testes de rotina a estes sistemas, tanto antes, como após os tratamentos. A realização de ensaios permite verificar a qualidade da água no final do sistema, assim como confirmar a eficácia do tratamento utilizado.
Até ao momento não existem estudos que correlacionem inequivocamente a proporção entre o número de bactérias de origem fecal (denominadas bactérias indicadoras: E. coli e Enterococos intestinais) com estes protozoários. Acresce a esta constactação, o facto de que os sistemas de tratamento actuais serem direccionados para a eliminação de bacterias, sendo pouco eficazes na eliminação de outros organismos mais resistentes, pelo que é da maior importância a monitorização destes dois patogénicos em sistemas de tratamento de águas residuais ou tratadas (Carey et al., 2004).
O método mais fiável de detecção deste tipo de protozoários é baseado na norma 1623 da Environmental Protection Agency (EPA) dos Estados Unidos e consiste na filtração de um elevado volume de água, entre 10 e 1000L, consoante a sua origem. Esta água é concentrada num filtro próprio para o efeito. A amostra é purificada pela utilização de técnicas de separação imunomagnética (IMS). A detecção é efectuada por microscopia de fluorescência, ligando fluorocromos fluorescentes aos organismos a identificar.